BIOGRAFIAS

* As biografias abaixo estão por ordem alfabética


ANDRÉ ANTÔNIO PELIN

André Antônio Pelin, filho de Moysés Pelin e Victória Sartori, foi um dos melhores carpinteiros que Iepê já teve. Nasceu em 09 de setembro de 1915 na cidade paulista de Jacirandi, atual distrito de Santa Cruz da Estrela, pertencente ao município de Santa Rita do Passa Quatro. Chegou a Iepê aos oito anos de idade, pois após o falecimento de seu pai, sua mãe casara-se novamente com o senhor Caetano Manarin. Dessa união vieram filhos e o parentesco dos Pelin com os Manarin.
André Antônio Pelin foi responsável pelo madeiramento da Igreja Católica, da Igreja Presbiteriana Independente e do Educandário São João Batista, entre outros, como o do antigo prédio da CAPI (atualmente Ponto dos Colchões), da atual sapataria Caçula e do antigo Hotel Salem.
Trabalhou durante muitos anos com o senhor Raul de Carvalho e, generosamente, ensinou a profissão de carpinteiro para o seu irmão Luis Manarin, que a exerce até hoje.
André Antônio Pelin casou-se em primeiras núpcias com Regina Brassale Pelin em 27 de novembro de 1937 em Iepê. Dessa união nasceram: José Pelim, Helena Pelim Giarrante.
Em 13 de setembro de 1962, casou-se em segundas núpcias com Rosalina dos Santos Pelim, com quem teve o filho João Batista Pelim. Também adotou Maria Helena Bezerra de Jesus.
No dia 18 de maio de 1989, após uma profícua existência, o senhor André Antônio Pelin, faleceu em Iepê, cidade que ajudou a construir.


Paulo Fernando Zaganin e Nê Sant’Anna, a partir do relato de familiares. Iepê, agosto de 2011.

ANTONIO SALES SAMPAIO (TONINHO LEILOEIRO)

Antonio Sales Sampaio nasceu em Avaré-SP, em 05 de dezembro de 1923. Seus pais, Gumercindo Sales Sampaio e Sebastiana Maria da Conceição, chegaram ao Patrimônio de São Roque em 1928, com toda a família.
Antonio Sales Sampaio foi ajudante de carpintaria e funcionário público municipal, por 30 anos, mas, na memória dos Iepeenses, o que marcou foi sua atividade como Leiloeiro das quermesses.
Ainda jovem, “Toninho leiloeiro”, começou a ajudar nas festas da capela do bairro de São Roque, já “gritando” leilões. Na década de 1940, fixou residência em Iepê e em 28 de outubro de 1950, casou-se com Ana Braçal Sampaio. Tiveram cinco filhos: Marcia Maria Sampaio Plank, Antonio Roberto Sampaio, Paulo Paloti Sampaio, Amilto Aparecido Sampaio e Carlos Alberto Sampaio.
A grande alegria de Toninho era leiloar nas quermesses as prendas arrecadadas, que iam desde uma abóbora até um boi. Com este dom, ajudou a construir a Igreja Católica Matriz, a Gruta Nossa Senhora de Lourdes e o Educandário São João Batista, pois com sua animação e brincadeiras, conseguia valores muito altos para as prendas.
Seu filho Roberto Sampaio sintetiza muito bem o legado de Toninho Leiloeiro, no emocionado depoimento: “Sempre encontro pessoas que ao recordar o tempo dessas quermesses, falam que as festas no antigo salão paroquial de madeira e o Toninho Sampaio gritando leilões não voltam mais e as festas de hoje já não tem tanta graça. Meu pai ficou conhecido como ‘Toninho Leiloeiro’ e isto me dá muito orgulho de ser o seu filho.”
A voz que foi incansável nos leilões, calou-se para sempre em 2006. Antonio Sales Sampaio, o Toninho Leiloeiro, faleceu em Iepê no dia 10 de junho de 2006. Deixou saudades e uma história que nunca será apagada, pois seus gritos nos leilões continuarão ecoando em nossos ouvidos.


Paulo Fernando Zaganin e Nê Sant’Anna, a partir do relato de Antonio Roberto Sampaio. Iepê, agosto de 2011.

ARMANDO CAVICHIOLLI

Armando Cavichiolli, apesar de não ser filho da terra, pode ser considerado um verdadeiro iepeense, pois viveu a maior parte de sua vida nestas paragens. Ele nasceu em Santa Ernestina, vila localizada entre Taquaritinga e Matão, no ano de 1919. Era filho de Amadeu Cavichiolli e Amália Piva.
Armando chegou nesta região no dia 6 de junho de 1932 e foi morar no bairro São Roque, mudando-se para Iepê em dezembro de 1942. Naquela época, Armando era o único da cidade a possuir rádio a pilha, o que levava as pessoas à sua casa para ouvir música e noticiário.
No dia 02 de junho de 1952, inaugurou o “Bar e Restaurante do Sr. Armando”, onde serviu governadores, senadores e muitos deputados. Uma das ilustres pessoas que o mesmo serviu foi o ex-governador de São Paulo, Adhemar de Barros. As pessoas contam que ele cozinhava muito bem e, segundo seu irmão Celso Cavichiolli, ele havia aprendido sozinho a arte do ofício.
Armando Cavichiolli foi vereador do município por treze anos, de 1960 a 1973, participando ativamente da vida política local. Foi o primeiro a possuir vitrola elétrica e televisão, no ano de 1962. A sua televisão captava o canal 3 de Londrina, que entrava no ar às 17 horas.
Como se pode perceber, Armando gostava de adaptar-se as novidades que surgiam no decorrer do tempo, além disso, lia e viajava muito. Era católico fervoroso, participando sistematicamente da Congregação Mariana, movimento do qual foi presidente.
Armando faleceu em Iepê, em dezembro de 1998.

CILAS LUIZ DA SILVA

 Cilas Luiz da Silva, nascido em 18 de janeiro de 1927, em Conceição do Monte Alegre, distrito de Paraguaçu Paulista/SP, filho de Antonio Luiz da Silva e Mariana Honória de Jesus. Durante parte de sua infância residiu com os pais em um pequeno sítio na cidade de Iepê, transferindo residência para a cidade de Centenário do Sul.
Quando jovem, veio a Iepê participar de uma festa de casamento, ocasião em que conheceu Laurinda do Lago. Apaixonou-se à primeira vista e, ousado, no dia seguinte dirigiu-se à casa de Mário Lago, almoçou com a família e prometeu a Laurinda que voltaria em um mês para vê-la. Cumpriu sua promessa e em pouco tempo o casal firmou compromisso, vindo a se casar na cidade de Iepê no dia 11 de maio de 1949, no templo da igreja Presbiteriana Independente.
O casal residiu nas Fazendas Itaúna, Água Itaberá e Ribeirão Vermelho, onde passaram muitas dificuldades. Com sua disposição e incrível força, Cilas passou dois anos derrubando mata virgem com machado e foice – árvores centenárias -, contratado por fazendeiros.
Em 1954 mudou-se para Campina da Lagoa/PR, onde foi tomar posse de terras. Residiram (Cilas e família) neste sítio até 1956 quando por um trágico acidente (afogamento) morre uma das filhas do casal, de apenas 1 ano e meio. Quase enlouquecido, juntou em sacos os poucos pertences e tomou o rumo de Iepê, com a esposa grávida da filha Mirian e a pequena Miltes nos braços. Veio a morar no sítio de seus cunhados João de Almeida Prado e Rosa, para recomeçar a vida derrubando mata e formando café por 4 anos. Num trato verbal, tornou-se meeiro do sítio.
Muito trabalhador e ajudado pela esposa, que também não escolhia serviço, iniciaram a formação de hortaliças, vendendo o que podiam na cidade e assim foram conquistando seu espaço.
Sempre pobre, mas muito trabalhador e honesto, jamais deixou de honrar seus compromissos. Tornou-se horticultor e, ao lado da esposa e filhas, supriu a cidade de Iepê por muitos anos com as diversificadas frutas e verduras, sendo conhecido na cidade por “Cilas verdureiro”. Paralelamente à horticultura, outras pequenas lavouras eram produzidas no sítio, juntamente com alguns empregados que se tornaram parte dessa história.
Em consequência da vida de trabalho e com a benção de Deus, tornou-se proprietário da Chácara Prado, a mesma para a qual veio trabalhar como meeiro. Nesta chácara criou seus cinco filhos: Miltes, Mirian, Meire, Cilas Junior e Mário. Cuidou também de seu irmão Purcino, como um filho, até seu falecimento. Apesar da vida humilde e de enfrentar muitas dificuldades financeiras e de saúde, em alguns anos das décadas de 60 e 70 a fartura do sítio era visível e apreciada, com fartura à mesa e generosa hospitalidade para com pastores, irmãos da igreja, empregados e amigos. “O generoso será abençoado, pois dá do seu pão ao pobre” (Pv 22:9).
A casa de Cilas sempre foi ponto de encontro da família, tornando a chácara um lugar apropriado para as férias dos que moravam em cidades grandes. Em clima de festa, família e amigos sempre foram bem recebidos em Iepê, numa convivência agradável.
Cilas manteve a fidelidade a Deus, sendo um membro ativo na igreja. Tornou-se diácono na Igreja Presbiteriana Independente de Iepê e componente da banda de música da igreja. Tocava prato, instrumento que lhe era peculiar enquanto a banda existiu. Em 1972, em razão de sua experiência pessoal com o movimento pentecostal que atingiu todo país, tornou-se pioneiro da Igreja Presbiteriana Renovada, doando o terreno que hoje comporta o templo em alvenaria. Com seus próprios recursos e força física foi construído o primeiro templo de madeira dessa igreja. Cristão piedoso e temente, serviu a Deus e às igrejas evangélicas de Iepê, sem distinção de denominação, honrando seus pastores e líderes.
Para Cilas a cidade de Iepê era um paraíso. Desde seu retorno à cidade em 1956, decidiu que jamais a deixaria, permanecendo no local que lhe abriu as portas. Como cidadão mostrou-se honrado, respeitando às leis e às autoridades. Eleitor fiel, fazia questão de participar da escolha dos líderes políticos de sua cidade, estado e país, sempre com a discrição que lhe era peculiar. Deixou para sua posteridade o exemplo de cidadão de bem, honradez nos negócios, homem de uma só palavra, trabalhador, de fidelidade conjugal (60 anos de casamento com Laurinda), muitíssimo carinhoso com a família e amigos.
Sua diversão predileta era a pescaria e teve o privilégio de conviver nas beiras de rios e lagos com pessoas especiais, tais como Quinzinho, Natanael, João e outros. Também tinha prazer em enfrentar as abelhas e trazer para casa o puro mel encontrado em pequenas matas, sítios e fazendas.
Durante vários anos de sua vida, passou por graves enfermidades. Jamais desanimou ou murmurou, procurando superar os percalços de sua saúde com otimismo e valentia, dando exemplo de garra e coragem aos que estavam à sua volta. Os últimos anos de sua vida foram de luta contra o diabetes descompensado, razão de seu falecimento. A esposa e os filhos o honraram, dando-lhe o carinho merecido e condição de uma velhice tranquila.
Cilas faleceu em 10 de junho de 2009, deixando a esposa, cinco filhos, genros e noras, 10 netos e 5 bisnetos. A promessa de Deus a Josué “todo lugar que pisar a planta do vosso pé, vo-lo tenho dado” (Josué 1:3), cumpriu-se na vida de Cilas. A promessa não foi só no âmbito material, pois como diz o Salmo 128 “Assim será abençoado o homem que teme ao Senhor. O Senhor te abençoe de Sião todos os dias da sua vida, para que vejas a prosperidade e vivas para ver os filhos de teus filhos e a paz sobre Israel”.
Representando minha amada família, confirmo as informações prestadas neste pequeno histórico, agradecendo a todos que, de alguma maneira, fizeram parte da história desse varão valoroso: MEU PAI!

Mirian Lago Silva Neves
(Maio de 2011)

EDMUNDO DE OLIVEIRA

Edmundo de Oliveira nasceu aos 03/09/1923, em Ibirarema – SP. Era filho de José Paulino de Oliveira e Maria Rita de Oliveira. Casou-se com Juventina Zago de Oliveira com quem teve oito filhos.
Estudou Odontologia em Niterói – RJ, tendo trabalhado como dentista durante 16 amos.
Foi prefeito em dois mandatos: de 1963 a 1958, por 6 anos, em razão de prorrogação de mandato por 2 anos; de 1977 a 1981, por 5 anos, quando também houve uma prorrogação de mandato por 1 ano. Foi vereador por 5 mandatos.
Dentre suas realizações como prefeito destacam-se:

·         Modernização do sistema de energia elétrica, substituindo o precário sistema existente pelo atual sistema;
·         Implantação do sistema automático de telefonia e construção de um moderno centro telefônico que permitia a comunicação direta com todo o mundo;
·         Criação e implantação da Escola Normal Municipal;
·         Construção da primeira quadra de esportes em Iepê;
·         Implementação do esporte, com prioridades para o futebol de salão e o futebol de campo, o que viabilizou a participação, pela primeira vez, de uma equipe de Iepê no campeonato amador;
·         Duplicação da área então construída do Hospital Municipal, aumentando em 100% o número de leitos e quadruplicando o atendimento e as internações;
·         Atribuição de significativa importância à construção e conservação de estradas municipais, tenso sido pioneiro em estabelecer convênios como governo do estado para trazer ao município o que hoje é conhecido como Projeto Melhor Caminho;
·         Priorização do atendimento social, incluindo a realização do Natal dos Pobres, para o qual recebia doações do comércio e dos proprietários de terras, atingindo a marca de 16 cabeças de gado, que eram distribuídas para as famílias mais carentes, feitos que o tornaram conhecido como “o pai dos pobres”;
·         Ampliação, em 50% da pavimentação asfáltica das ruas do perímetro urbano.

Faleceu com 80 anos, no dia 09 de setembro de 2003.

(Biografia redigida pela família).



  EMÍLIO ZAGANIN NETTO

Emílio Zaganin Netto nasceu aos 30/12/1914 em Tambaú - SP. Filho de Giovanni Zagagnin (1880-1938) e Rita Buosi (1882-1941), naturais da Itália. São seus avós paternos: Emilio Zagagnin (1852-1918) e Antonia Corò (1854-1912). São seus avós maternos Luigi Buosi (1846-1936) e Rosa Zanni (1858-1917).
Em 1924 começou a estudar em Santa Cruz da Estrela e desde muito pequeno ajudava seu pai e seus irmãos na lavoura do café, no sítio do Sr. José Alves, onde residiam em Tambaú.
Em 1928, Emílio veio juntamente com a família para Iepê, onde seu pai havia comprado um sítio de 15 alqueires. Na época ele tinha 14 anos, e foi quando começaram a aparecer os sintomas da doença que mais tarde o acompanhou: reumatismo nos ossos.
Apesar da doença que muito o incomodava, Emílio nunca reclamava e demonstrava ser uma pessoa feliz. Trabalhava como marceneiro nas horas vagas, mas seu trabalho era autônomo e por isso não vendia os móveis que fazia.
Emílio gostava muito de música e sempre teve vontade de aprender a tocar violão. Em 1933 seu irmão Antonio presenteou-lhe com um violão e ele rapidamente aprendeu as primeiras notas, sendo que sua marchinha preferida era a seguinte: “...Hei, São Paulo!São Paulo da garoa, São Paulo terra boa...”
No ano de 1935 após vários tratamentos, Emílio passou por uma cirurgia na perna esquerda, na qual foi preciso retirar um osso na parte inferior. A cirurgia foi realizada em São Paulo e ele ficou mais de um mês sobre os cuidados do Dr. Sebastião Almeida Penteado.
O tempo foi passando e Emílio sentia-se muito atormentado pelas dores e principalmente por imaginar que estava dando muitos gastos à sua família. Embora não quisesse demonstrar, ele deixou de ser um jovem alegre e extrovertido, passando a ser calado e triste.
No dia 23 de abril de 1938, depois de muito refletir, Emílio arreou o seu cavalo chamado “Trovão” e pegou uma arma de fogo (garrucha, pequeno porte), que escondeu por dentro da calça. Por volta de 11h00 ele ajoelhou-se diante de um quadro com o símbolo do movimento “Apostolado da Oração”, do qual ele fazia parte, fez o sinal da cruz e saiu em direção à cidade (ou Vila, como chamavam naquela época). Ao chegar à entrada da cidade, parou diante de um grande pé de figueira que ficava na chácara do Sr. João Zago (Giovanni Zago). Ali ele ficou debruçado durante algum tempo sobre o cavalo, e exatamente ao meio dia, quando não havia ninguém na estrada, dobrou a aba de seu chapéu preto, colocou-o sobre o ouvido e pegando a arma, apontou-a para sua cabeça e apertou o gatilho.
Emílio Zaganin Netto tinha 23 anos de idade e teve como causa da morte: ferimento na cabeça causado por arma de fogo (suicídio). Foi sepultado no antigo “Cemitério do Bairro São Roque” em Iepê e seus restos mortais foram perdidos ao serem transferidos para o Cemitério Municipal São João Batista de Iepê.
Paulo Fernando Zaganin Rosa

FLORISVALDO CORRÊA DE LIMA

Florisvaldo Corrêa de Lima nasceu em São Jorge do Ivaí – PR no dia 14 de junho de 1966. Era filho de Osvaldo Corrêa de Lima e Nilse Nunes de Lima.
Sua vida foi marcada desde sua infância pelo trabalho e amor à terra e à produção desta. Primeiro trabalhando com o pai como meeiro, em fazendas de café no Paraná.
Após a geada de 1975, que dizimou praticamente todos os cafezais do Paraná, trabalhou com o pai como arrendatário de uma área onde foi plantado soja. Desde essa época seu sonho era ter sua própria terra e  maquinários.
Na década de 1980 mudou-se com sua família para a cidade de Iepê – SP, onde começou o plantio de soja. Movido pelo espírito empreendedor buscou novas técnicas, sendo em Iepê pioneiro no plantio direto, com o objetivo de melhorar a produção e conservação do solo no município. Para tanto, foi o primeiro agricultor de Iepê a comprar um plantadeira de plantio direto em Avaré – SP.
Conhecimentos adquiridos em cursos, viagens e análises de suas lavouras eram partilhados com outros agricultores do município, pois queria que todos prosperassem.
Casou-se com Márcia Aparecida Ferreira, em Iepê – SP, no dia 19 de fevereiro de 1990, com quem teve três filhos: Karen Corrêa de Lima, Thiago Corrêa de Lima e Jean Corrêa de Lima. Foi marido e pai exemplar e amigo de todos.
Com muito trabalho, dedicação e esforço adquiriu terras no município de Iepê e em Nova Maringá – MT. Faleceu em Iepê no dia 21 de março de 2009.
Deixou como lição de vida que se deve lutar sempre e nunca desistir diante das dificuldades e dos seus sonhos. Por ser um homem de muita fé sempre colocou Deus à frente de tudo na sua vida. 

Paulo Fernando Zaganin e Nê Sant’Anna, a partir do relato de familiares. Iepê, 26 de abril de 2010.

GABRIEL ITALINO BENI

Gabriel Italino Beni nasceu em Rancharia – SP no dia 27 de dezembro de 1930. Era filho de João Beni e Filomena Vicente.
Casou-se com Rosalina Machado Beni, com quem teve os seguintes filhos: Maria José Beni, Olício Alves Beni, Claudinei Alves Beni, Vera Lúcia Beni, Vanderlei Beni, Marilda Beni.
Chegou em Iepê quando tinha sete anos de idade e jamais se afastou espiritualmente desta cidade. Residiu em terras de seu pai na Água da Estiva até casar-se, continuando a morar no sítio, sendo por último nas terras de sei irmão Antonio Marcos Beni, na Água do Macaco, que lhe cedeu moradia em sua propriedade rural.
Mudou-se para a cidade aproximadamente no ano de  1965. Logo conseguiu emprego na Prefeitura, o que era seu maior sonho. Com efeito, tinha o maior orgulho de ser funcionário público, e ostentava essa condição com muita galhardia. A simplicidade e sabedoria eram o seu maior legado.
Vindo do sítio e sem maiores instruções, teve muita dificuldade na cidade, mas logo conseguiu ocupar o cargo de Operador de Máquinas (Patroleiro), o qual exerceu até aposentar-se por invalidez, após um acidente de trabalho que lhe deixou sequelas. Mesmo ficando com uma perna maior que a outra em razão do acidente, retornou ao trabalho com a mesma dedicação de sempre, trabalhando ainda por vários anos com as motoniveladoras da prefeitura.
O acidente de trabalho sofrido foi um fato triste que marcou a vida profissional dele. Infelizmente, com o passar dos anos as sequelas do acidente não permitiram que continuasse trabalhando, vindo a aposentar-se por invalidez.
Continuou morando em Iepê, onde criou seis filhos. Adorava assistir jogos de futebol no Campo da Portuguesa e na quadrinha perto da Delegacia, - não perdia um jogo, adorava pescar com amigos e, mesmo  aposentado, sempre ia ao pátio da Prefeitura rever os amigos de trabalho.
Gostava da cidade. Gostava do povo de Iepê. Gostava das coisas de Iepê. Dizia que jamais se mudaria de Iepê. Conhecia o povo de Iepê como poucos. Conhecia o povo da cidade onde morava, e, em razão do seu trabalho fazendo estradas nos sítios, conhecia o morador da zona rural, sabia de suas necessidades e angústias e, no que podia, atendia com o maior zelo.
Sua maior tristeza, com certeza, foi o dia em que teve que se mudar de Iepê. Isto ocorreu aproximadamente em 1987, quando teve que deixar seu habitat natural, - como ele dizia.
Tudo aconteceu em razão da doença da esposa, cada dia pior, e que encontrava tratamento na cidade de São Paulo. Precisava ficar mais perto dos médicos que a diagnosticaram, e teve que mudar-se para a cidade de Cabreúva, próximo da cidade de São Paulo, onde moravam os filhos.
Jamais ficou muito tempo afastado de Iepê, para onde voltava com frequência.
Embora de pouca condição financeira, jamais aceitou qualquer idéia no sentido de vender a casa que possuía em Iepê, afirmando sempre, que um dia ainda voltaria a morar na cidade.
Jamais vendeu a casa que possuía na Rua Sergipe, a qual os filhos ainda cultuam, - todos os anos podem ser encontrados neste local por ocasião da Páscoa, embora residam em cidades diversas.
Sempre dizia que, morto, gostaria de ser sepultado na cidade de Iepê. Apesar de, em razão das circunstâncias de momento, ser sepultado na cidade de Cabreúva - SP onde faleceu no dia 29 de março de 1996, a família sempre cogitou remanejar os “restos mortais” para a cidade de Iepê, onde tem sepultado seu pai e irmão e onde era seu desejo várias vezes manifestado.
Como legado aos Iepeenses, deixou a simplicidade, a sabedoria, a amizade, a dedicação e empenho no trato da coisa pública. Como legado aos filhos, deixou o amor por Iepê, cidade que sempre amou.
Prova disso é a velha morada da Rua Sergipe, 891, para onde os filhos vão, todos os anos, por ocasião da Páscoa. Vão rever os amigos e parentes (muitos em Iepê), e se abastecer no manancial de amizades desta cidade.
Em resumo, tudo foi muito marcante para o homem Gabriel Italino Beni na cidade de Iepê. O primeiro emprego, o nascimento de todos os filhos, os amigos, a evolução na carreira, o trabalho gratificante, a aposentadoria.
Acompanhou o desenvolvimento da cidade, não como espectador mas como partícipe, ainda que modestamente, na condição de funcionário público.
Viu nascer a energia elétrica, viu brotar a água encanada, viu emergir o Hospital, viu o asfaltamento de ruas, o embelezamento da cidade. Pode-se dizer que acompanhou todos os passos da cidade.
Esta a razão de tê-la amado muito. Esta a razão de tanto amor e dedicação a esta cidade. Esta a razão de jamais tê-la abandonado espiritualmente. Mesmo morando em Cabreúva em razão da saúde da esposa, conforme já esclarecido, marcava e pedia a todos os filhos que viessem a Iepê,sempre que pudessem, o que era atendido. Até hoje os filhos mantém este compromisso com o pai e com a cidade de Iepê, visitá-la sempre, manter os laços com a cidade.
Como fatos marcantes e tristes foram, sem dúvidas, o acidente sofrido e, principalmente, a mudança para Cabreúva, o que lhe significou,  conforme suas próprias palavras, “perdi uma parte de mim”, uma perda muito grande. Iepê era e sempre foi a vida para ele.
Assim, a humildade, a simplicidade, o caráter, a amizade, características marcantes nele, foram forjados, lapidados, enfim, fruto da convivência com a comunidade de Iepê. Tudo foi aprendido em Iepê. Amava Iepê e ensinou os filhos e netos a também amá-lo.
A possibilidade de ser homenageado com nome de Rua na cidade de Iepê, representa para seus familiares, parentes e amigos, motivo de grande orgulho e satisfação, e denota a grandeza desta comunidade de Iepê, em prestigiar este filho, ainda que pessoa de extrema simplicidade, de uma humildade que transcendia o próprio conceito, mas de caráter elevado, e que simboliza muito bem as pessoas desta cidade.
Representa, ainda, de certa forma, o retorno dele á cidade de Iepê. 

Paulo Fernando Zaganin e Nê Sant’Anna, a partir do relato de familiares. Iepê, 26 de abril de 2010.

INOCÊNCIO PEREIRA FILHO

Inocêncio Pereira Filho, nasceu na cidade de Conchas-SP, no dia 9 de outubro de 1911. Era filho de Inocêncio Pereira de Morais e Ana Maria da Conceição.
Inocêncio Pereira Filho,veio para Iepê ainda muito jovem, com a idade de 17 anos, no ano de 1928, com o senhor José Cirino, para trabalhar como ajudante de oleiro.
Casou-se com Amazilia Almeida no dia 29 de julho de 1933. Dessa união nasceram 10 filhos: Jarbas Pereira, Joel Almeida Pereira, Juraci Pereira Dutra, Jurair Pereira de Arruda, Jurandir Almeida Pereira (falecido), Jairo Almeida Pereira, Jaci Almeida Pereira, Jane Almeida Pereira, Edson Almeida Pereira (falecido) e Jaime Almeida Pereira (falecido).
Inocêncio Pereira Filho trabalhou com um dos fundadores de Iepê, Antonio de Almeida Prado, e também com o farmacêutico Jorge Bassil Dower como oleiro.
Seu último trabalho foi com o senhor Antonio Menocci, onde desempenhou a função de recebedor de leite no Laticínio Iepê.
Foi por mais de 30 anos secretário da Escola Bíblica Dominical da Igreja Presbiteriana Independente de Iepê.
Inocêncio Pereira Filho foi um homem honrado e pai exemplar; sempre usou de muita sabedoria em tudo o que se propunha a fazer, também foi um avô amoroso, provedor do lar, de caráter reto, exemplo de honestidade e cumpridor de seus deveres. Todos os que conviveram com ele o admiravam e o amavam.
Faleceu em Presidente Prudente e foi sepultado em Iepê no dia de 25 de maio de 1992, deixando às futuras gerações o exemplo de um cidadão honesto. 

Paulo Fernando Zaganin e Nê Sant’Anna, a partir do relato de familiares. Iepê, agosto de 2011.

IOLANDA ALVES ZAGO

Iolanda Alves Zago nasceu em Iepê – SP no dia 22/04/1936. Era filha de Pedro Alves de Lima e Rita Praxedes de Jesus. A Sra. Iolanda casou-se em Iepê – SP no dia 18/02/1955 com Caetano Zago, com quem teve os filhos Fátima Rita Zago e Heitor Zago.
Além de cuidar dos afazeres domésticos, Iolanda era também costureira. Em sua breve existência confeccionou várias mortalhas para os defuntos e auxiliou seu marido Caetano na fabricação de caixões, forrando-os com muito capricho.
Iolanda faleceu muito jovem, com apenas 28 anos de idade, no dia 28/01/1965, vítima de derrame cerebral. Foi sepultada no Cemitério São João Batista de Iepê – SP.

Paulo Fernando Zaganin e Nê Sant’Anna, a partir do relato de familiares. Iepê, 02 de junho de 2010.


JOANA DAS CHAGAS DO CARMO: UM EXEMPLO DE DETERMINAÇÃO 

A grandeza de um indivíduo não está naquilo que ele possui, mas naquilo que ele é. Há seres humanos que apesar de suas posses passam pela vida em brancas nuvens, nada deixando de herança para a posteridade, a não ser os bens materiais que muitas vezes serão dilapidados pelos herdeiros. Dona Joana das Chagas do Carmo, no entanto, não se enquadra nesse rol. Foi uma mulher simples, pobre, semi-alfabetizada, uma lutadora que deixou marcas inesquecíveis na sua passagem por este mundo. Nasceu em 27 de fevereiro de 1924, mas foi registrada oficialmente dois anos mais tarde, ficando a data oficial de seu nascimento 27 de fevereiro de 1926. Nasceu em Maracaí e era filha de Antonio Leite das Chagas e Maria Antonia de Morais.
Dona Joana foi criada na zona rural e sempre colaborou nos afazeres de casa e da roça.
Casou-se na cidade de Maracaí em 21 de Novembro de 1944 com Antonio Cândido do Carmo. Era inteligente e curiosa, possuía uma grande habilidade manual: tanto trabalhava com madeira fazendo brinquedos para seus cinco filhos: Maria, José, Marta, Márcia e Adauto, como também confeccionando objetos e roupas para a sua família e alguns vizinhos em uma pequena máquina de costura, movida à mão.
Outras marcas de Dona Joana, eram os dons da hospitalidade e da caridade. Quando em Iepê não havia funerárias, por várias vezes costurou mortalhas e ajudou a cuidar de muitos doentes, dando banhos e fazendo curativos. Quase não ficava sozinha em casa, recebia cordialmente as visitas de crianças, jovens e adultos, atendendo a todos com um sorriso de acolhimento. Em tudo que se propunha a realizar, era de uma fidelidade ímpar.
Um dos fatos que marcou sua vida, foi a compra da primeira casa na Vila São Jorge; essa casa foi adquirida com muito esforço de Dona Joana e seus filhos e a colaboração de amigos. Esse acontecimento foi uma grande alegria e dona Joana gostava de repetir: “é um casebre, mas é nosso!”.
Dona Joana nunca envelheceu. Já perto dos oitenta anos, decidiu estudar. Cursou o supletivo de primeira à quarta séries na Vila São Jorge e depois matriculou-se no Telecurso do ensino fundamental, entretanto,  fez questão de cursar o ensino médio regularmente. Foi uma aluna exemplar, não faltava às aulas apesar de algumas dificuldades ocasionadas pela idade.  Foi um exemplo  para jovens, adultos e idosos, pois tinha sede de conhecimento e cultura e não parou de aprender, ensinar e buscar novos conhecimentos.
Após concluir o ensino médio, almejava cursar uma faculdade, contudo seu coração não permitiu a realização desse sonho.  Em 12 de Fevereiro de 2005, após ter ficado hospitalizada poucos dias no Hospital de Rancharia, faleceu. Deixou muita saudade e um grande legado de determinação e fé na vida.

DADOS BIOGRÁFICOS 

JOANA DAS CHAGAS DO CARMO nasceu em Maracaí em 27/02/1924, mas foi registrada oficialmente em 27/02/1926. Era filha de Antonio Leite das Chagas e Maria Antonia de Morais. Casou-se, na cidade de Maracaí com Antonio Cândido do Carmo em 21/11/1944. O casal teve cinco filhos: Maria, José, Marta, Márcia e Adauto.
Dona Joana era membro da Igreja Presbiteriana Independente de Iepê. Durante sua vida foi doméstica, costureira e lavradora. Perto dos oitenta anos, começou a estudar, e concluiu com louvor o ensino médio na EE Antônio de Almeida Prado. O seu grande sonho era cursar uma faculdade, infelizmente, não houve tempo para mais essa realização. Dona Joana faleceu no hospital de Rancharia, devido a problemas cardíacos em 12/02/2005. Sem dúvida alguma, a vida de Dona Joana das Chagas do Carmo, foi profícua e um exemplo de determinação.

Paulo Fernando Zaganin e Nê Sant’Anna, a partir do relato de Maria Antonia do Carmo Azevedo. Iepê, 31 de Maio de 2010.

JOANA ZAGANIN

Joana Zaganin nasceu aos 01/11/1905 em Tambaú/SP. Filha de Giovanni Zagagnin (l880-1938) e Rita Buosi (1882-1941), naturais da Itália. São seus avós paternos: Emilio Zagagnin (1852-1918) e Antonia Corò (1854-1912). São seus avós maternos: Luigi Buosi (1846-1936) e Rosa Zanni (1858-1917).
Joana era muito apegada a família e por isso estava sempre junto à mãe, ajudando-a nos serviços de casa, no sítio do Sr. José Alves, onde residiam em Tambaú/SP.
Aos 23 anos, em 1928 foi juntamente com sua família para Iepê/SP, onde se instalaram no sítio que seu pai Giovanni havia comprado do Sr. Francisco Bertholdo Vieira.
Joana era muito religiosa, participava todas as semanas da Santa Missa e fazia parte do movimento "Filhas de Maria". Trabalhava como doméstica na casa da Sra. Nadir Simões Duo, que morava na cidade.
Contam que certa vez Joana saiu sozinha de casa calçando um tamanco de couro que havia ganhado de sua mãe. A cada passo que dava, o tamanco batia na sola de seu pé, causando a impressão de que alguém a seguia. À medida que acelerava os passos, o som do tamanco aumentava, fazendo com que ela chegasse a ponto de sair correndo com medo de estar sendo seguida.
Joana possuía problemas cardíacos e por isso tomava medicamentos para controlar o coração.
Depois da morte de sua mãe Rita Buosi em 1941, Joana nunca mais foi alegre como antes.
Certa noite, no início de fevereiro do ano de 1948, Joana começou a chamar por sua mãe que já havia falecido. Ela repetia várias vezes: "Dio, mammà! Dio, mammà! Mammà, mammà!”
No dia 26 de Fevereiro de 1948, Joana resolveu fazer uma visita à sobrinha Maria Rita Zago, nascida há pouco tempo e que estava com sarampo, filha de sua irmã Apolônia Zaganin e seu cunhado Mário José Zago. Joana não havia andado ainda nenhum quilômetro de sua casa, quando ao atravessar uma cerca no sítio do Sr. Ângelo Zago, caiu ao chão, e mesmo socorrida por duas pessoas faleceu ali mesmo. Joana tinha 43 anos de idade e teve como causa da morte: morte natural. Foi sepultada no Cemitério Municipal São João Batista em Iepê/SP, na mesma sepultura que sua mãe Rita Buosi.

Paulo Fernando Zaganin Rosa

JOÃO FABRÍCIO DOS SANTOS


João Fabrício dos Santos nasceu em Macatuba - SP no ano de 1906, mas foi registrado oficialmente em 15 de agosto de 1908. Era filho de José Fabrício dos Santos e Rogéria Alexandrina dos Santos. Teve 12 irmãos, dos quais quatro eram por parte de mãe. Morou em Macatuba até mudar-se com a família para Iepê, no ano de 1927. Era uma família de lavradores, que após venderem uma fazenda em Macatuba vieram para essa região à procura de novas oportunidades.
Em 10 de outubro de 1929, João Fabrício casou-se com Mariana Monteiro dos Santos. O senhor Mario Demada, vindo de Macatuba, foi padrinho do casal.  
Antônio de Almeida Prado, que anos antes doara as terras para a fundação de Iepê, era muito amigo de João Fabrício. Desse ilustre amigo, João Fabrício ganhou uma Bíblia de presente de casamento, que ficou guardada em uma mala por quase uma década. Mas, após a morte de sua terceira filha, Conceição, ainda bebê, João Fabrício converteu-se ao Cristianismo e começou a estudar dia e noite na Bíblia que ganhara. Converteu toda a sua família e tornou-se membro  da Igreja Presbiteriana Independente de Iepê em 1945.
Nessa época, gostava muito de fazer visitas para Evangelização e frequentemente saia à cavalo com o Reverendo Jonas Dias Martins percorrendo  sítios, fazendas e lugarejos de nossa região. Esse hábito de fazer visitas de Evangelização acompanhou João Fabrício por toda sua longa vida.
Foi casado por 59 anos, sua esposa faleceu em 07 de julho de 1985, e tiveram sete filhos: Aparecida, Layde, Conceição (falecida), José, João Batista (conhecido como Huia e já falecido), Damaris e Maria Magdalena. Dessa prole, resultou uma família numerosa:19 netos, 31 bisnetos e 10 tataranetos.
João Fabrício foi lavrador toda sua vida, mas tinha como maior objetivo a Evangelização. Foi professor da Escola Dominical, sempre da classe Cordeirinho, por 40 anos. Gostava de ensinar para crianças, sempre tendo a Bíblia como paradigma. Também foi presbítero (eleito pela primeira vez em 1949) durante 50 anos e após esse longo período, foi-lhe conferido o título de Presbítero Emérito.
Era um homem de fé e esperança, por isso enfrentou com ânimo e coragem as situações mais difíceis de sua vida. Gostava quando os filhos e netos se reuniam para cantar hinos, o seu predileto era “Ao Findar do Labor dessa Vida”.
Seu João Fabrício faleceu no dia 10 de agosto de 2010, lúcido e tranquilo, cinco dias antes de completar 104 anos.
No seu velório, filhos e netos cantaram o Hino de sua predileção, atendendo a um de seus últimos pedidos.
João Fabrício foi um homem movido pela fé, sua vida foi dedicada a Jesus, a evangelização, a Igreja, a família e a comunidade.


Paulo Fernando Zaganin e Nê Sant’Anna, a partir do relato dos filhos de João Fabrício dos Santos: Aparecida Fabrício Pereira, Damaris Fabrício de Freitas e José Fabrício dos Santos. Iepê, Fevereiro de 2011.

JOAQUIM SEVERIANO DE ALMEIDA: UM INTELECTUAL SERTANEJO

Conhecido com Quinzinho Maria, o autor dos Subsídios para a história de Iepê nasceu a 11 de maio de 1911 em Belo Monte, comarca de Piraju-SP. Era filho de Francisco Severiano de Almeida (o conhecido Chico Maria) e de Ana Balduína de Oliveira. Três irmãos o precederam, sendo ele o quarto de um total de nove filhos do casal.
Aos dez anos, aproximadamente, ingressou em uma escola particular – sob a direção da normalista D. Ester Nogueira – onde estudou por oito meses. Este foi o único período em que pôde aprender, orientado por um professor. Desde então, despertou-se nele o desejo de ler – e ler bons livros, Era o início da formação de um completo autodidata. Suas preferências literárias recaíam sobre os grandes clássicos da literatura, tais como os Lusíadas, de Luis de Camões, as obras de Rui Barbosa, a quem muito admirava, e a coleção Sermões Escolhidos, de Padre Vieira. Incluem-se também em suas leituras os poetas Castro Alves, Gonçalves Dias, Guerra Junqueiro, Casimiro de Abreu, os romances de Euclides da Cunha, Machado de Assis, José de Alencar, Visconde de Taunay, Paulo Setúbal e, acima de tudo, a Bíblia Sagrada.
Sua ânsia de saber levou-o também ao estudo da Teologia e da Filosofia, como atestam os inúmeros livros destas ciências encontrados em sua biblioteca. Vencida a luta diária na roça, quando cada um procurava o seu repouso, era comum encontrar Quinzinho Maria em seu Quarto, com luz a querosene, lendo até altas horas da noite os livros a que nos referimos. O amor pelo estudo acompanhou-o até o fim de sua vida. Na roça, quem ao seu lado trabalhasse, sempre o ouviria recitar, baixinho, longos trechos dos livros que amava.
A medicina foi outra de suas paixões. Seu sonho maior, na adolescência, era tornar-se médico. Um sonho evidentemente não realizado, tendo em vista que, afastado dos grandes centros e sem condições financeiras, nunca pode dar continuidade a seus estudos. Todos esses empecilhos não o impediram de estudar medicina sozinho e, seguindo o exemplo de seu pai, Chico Maria, salvar centenas de vidas naqueles tempos remotos, quando não havia médicos em nossa cidade. Dono de memória excepcional sabia de cor um número incontável de fórmulas farmacêuticas retiradas dos compêndios médicos de seu bisavô e que, por intermédio de seu pai, chegaram ás suas mãos.
Outra vocação de Joaquim Severiano de Almeida foi a política, da qual sempre foi representante digno. Vereador por vinte um anos foi, inúmeras vezes, escolhido Presidente da Câmara de Vereadores de Iepê. Folheando os livros de atas desta Câmara, verificaremos uma quantidade inumerável de projetos de sua autoria, sempre objetivando favorecer a população de sua querida Iepê.
Lembramos aqui, como exemplo, um fato político por ele relatado, dentre os muitos dos quais participou. Estavam ele e o saudoso ex-prefeito Sr. Jorge Bassil Dower em audiência com o então governador Dr. Jânio da Silva Quadros, a fim de solicitar a concessão de um ginásio estadual para Iepê. Uma das condições para a instalação do ginásio era a doação, pela prefeitura, de um terreno onde se construiria o prédio. O terreno foi doado por Antonio de Almeida Prado, primo de Quinzinho Maria. Vale ressaltar aqui o grande desprendimento e generosidade de Antonio de Almeida Prado que, nessa época, já não possuía mais nenhum outro bem imóvel. Fez essa doação pelo amor que dedicava a esta cidade.
Satisfeita a exigência do terreno, Jânio, em seu estilo conciso e direto, respondeu-lhes que iria conceder a instalação do ginásio de Iepê. Entretanto, havia três tipos de prédio: nº. 1 tamanho grande, nº. 2 tamanho médio e nº. 3 tamanho pequeno. Para Iepê, ele autorizaria apenas o prédio número 3 de tamanho pequeno. Jorge Dower e Quinzinho Maria procuraram mostrar ao governador que necessitávamos de um prédio maior, pois a cidade estava crescendo e localizava-se na divisa com o Paraná, de onde viriam, certamente, muitos jovens para estudar. O governador levantou-se e foi examinar um mapa na parede, atrás de sua mesa. Após procurar Iepê no mapa, verificando sua distância do Paraná, voltou-se para os dois e, sem mais demora, anunciou-lhes que concederia um prédio maior. Trata-se da escola que, até hoje, serve para o aprimoramento intelectual de nossos filhos.
Suas atividades políticas estenderam-se também ao Paraná, precisamente na cidade de Centenário do Sul, onde residiu por alguns anos. Lá, por volta de 1949 e 1950, Joaquim Severiano de Almeida defendeu os direitos de pequenos posseiros que se viram ameaçados pelos grandes proprietários de terras. Intercedendo junto ao governador paranaense Dr. Moisés Lupion, conseguiu a anuência do mesmo e, logo a seguir, muitos lotes foram titulados definitivamente.
Ao lado de seu pai, enfrentou também as conseqüências da crise de 1929 quando pela catastrófica situação financeira mundial, o Brasil foi atingido e muitos cafeicultores tiveram suas terras hipotecadas por não terem compradores para seu produto. Tal fato também a Chico Maria, que morreu em 1940 sem resolver a questão. Quinzinho Maria assumiu a liderança da família a fim de solucionar o problema da hipoteca e do inventário. O espírito de luta que o caracterizava levou-o a não desanimar. Dois anos mais tarde estava liquidada a hipoteca e terminado o inventário, para surpresa de muita gente que conhecia a gravidade do problema.
Há que se destacar, ainda, a vocação religiosa que, desde criança, ele demonstrava. Era membro da Igreja Presbiteriana Independente onde, por longos anos, exerceu a função de secretário e depois professor da escola Dominical, Lecionando aos moços e adultos. Ótimo contador de casos apreciava uma boa conversa e, quem com ele conviveu, é testemunha de sua grande admiração pelos filósofos e escritores mas, acima de tudo, pela figura do maior dos sábios e filósofos: Jesus Cristo.
Apreciador de sadios bate-papos foi também dotado de grande dom de oratória. Seus discursos impressionavam pela beleza das imagens literárias e profundidade das idéias. Os rascunhos desses discursos ainda existem e, se fossem organizados, possibilitariam a impressão de um livro.
Quinzinho Maria sempre gozou de alto conceito da classe representativa da cidade, à qual também pertencia. Era muito estimado pelos líderes católicos com os quais teve ocasião de conviver, e a quem igualmente dedicava grande consideração. Ressalte-se aqui sua admiração e amizade pelo Padre Paulo, de saudosa memória, e ainda pelo Padre Conrado, a quem Quinzinho sempre se referiu como pessoa dotada de grande cultura.
Ao longo de seus dias, Joaquim Severiano de Almeida nunca mediu sacrifícios para estar ao lado de quem o procurasse para prestar ajuda e resolver algum problema que porventura surgisse.
Faleceu aos 73 anos, numa tarde de domingo (20.01.1985), quando ia a igreja. Solteiro, não deixou nenhum filho. Somente ficou a saudade imorredoura no coração de seus irmãos, sobrinhos e inúmeros amigos que deixou espalhados pelo Brasil.
Sabe-se, porém, que isso perdurará apenas e tão somente até aquele dia descrito em I Coríntios 15, 54: “E quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrita: tragada foi a morte pela vitória”.

Selma Greice Matos e Rubens Severiano de Almeida
Fonte: Subsídios para a história de Iepê

JORGE BASSIL DOWER

Jorge Bassil Dower nasceu no dia 21 de abril de 1899, na cidade de Jaú, estado de São Paulo.
Aportou a nossa cidade em 1926, no mês de maio, montou uma farmácia, a primeira na praça, e se dedicou de corpo e alma aos doentes, sem distinção de classe, credo político ou religioso. Era o único farmacêutico na cidade e como não havia médico, teve que exercer muitas vezes as funções de cirurgião e clínico geral.
Como homem público destacou-se, criando o Distrito Policial em 1926, o Distrito de Paz em 29.12.1927, o município de Iepê, em 30.11.1944. Foi ele também que conseguiu a criação da paróquia São João Batista em 22.09.1937.
Como homem político destacou-se elegendo-se vereador por várias vezes. Foi vereador por Iepê em Rancharia e Sapezal.
Escolheu e indicou o 1° Prefeito de Iepê, Dr. Agenor Roberto Barbosa. Colaborou com o Prefeito João Antônio Rodrigues, indicou e apoiou o Prefeito Álvaro Coelho.
Foi Prefeito de 01.01.1956 a 31.12.1959, durante sua gestão construiu o grupo escolar de Nantes, o Ginásio Estadual de Iepê, a Casa da Lavoura, a Cadeia Pública, o Posto de Saúde, a Ponte da Capivara, a Rede Telefônica para Nantes e o asfalto até o tronquinho.

JOSÉ MANARIN

O Sr. José Manarin, conhecido como “Seu Zequinha”, nasceu em Santa Cruz da Estrela – SP, aos 27 de janeiro de 1928. Veio para Iepê ainda mocinho, com seu genitores Caetano Manarin, natural da Itália e Vitória Sartori, de nacionalidade brasileira.
Em Iepê, José Manarin conheceu a ieepense Maria Aparecida Vieira, com que casou-se e teve os seguintes filhos: José, Dimas, Claudinei, Maraísa, Marta e Tereza.
O açougue São José, que hoje é propriedade do filho Dimas Manarin, foi por muitos anos do Seu Zequinha que, no início, teve como sócio o Sr. José Ruela (in memorian).
O Sr. José Manarin sempre trabalhou com os filhos: José, Claudinei e Dimas, algumas vezes com um deles, outras vezes com os três.
Seu Zequinha faleceu aos 27 de novembro de 1981, deixando sua história de cidadão honrado que jamais se encerrará, pois esta história continua viva, através de seus filhos e de seus netos.


Relato de Dimas Manarin

JÚLIA ALMEIDA RAMOS

Júlia Almeida Ramos, era filha de José Maria de Almeida Ramos e Joaquina Maria da Conceição, naturais de Minas Gerais.
Júlia casou-se em Brotas –SP, aos 13 anos, com Prudenciano Bueno do Prado. O casal passou a morar em Macatuba, onde converteram-se ao evangelho e, depois, em Piraju. De Piraju a família mudou-se para Palmital, onde Júlia e seus irmãos Francisco e Messias haviam comprado terras. Porém, permaneceram pouco tempo em Palmital e transferiram-se para o Sertão dos Patos, hoje Iepê, por volta de 1918, região de terras produtivas, que estavam sendo exploradas e vendidas pela Companhia Brasileira de Colonização.
No Sertão dos Patos Júlia Almeida Ramos comprou 126 alqueires de terra, seu filho Antonio de Almeida Prado comprou 50 alqueires e  Chico Maria, seu irmão, também comprou um lote de terras que estendia-se até o então Patrimônio de São Roque da Boa Esperança.
Chico Maria e o sobrinho Antonio de Almeida Prado, futuros fundadores de Iepê, vieram na frente para derrubar o mato e construir ranchos para abrigar a família. Em seguida, Júlia que nessa época já era viúva e havia perdido o filho Benedito, veio com os outros filhos: Joaquina, Ana Júlia, Josepha, João, José e os adotivos José Miguel e Maximília. Mais tarde, Júlia querendo que toda família ficasse reunida na Água dos Patos doou um lote de 10 alqueires para o genro Francisco Candido, marido de sua outra filha adotiva Maria Fortunato.
Logo que chegaram, dois dos filhos de Júlia vieram a falecer, Maximília de sarampo e José (vulgo Quita) de problemas cardíacos. Ambos foram enterrados no recém demarcado Cemitério de São Roque. Quando os dirigentes católicos deste Patrimônio mandaram fazer a cerca do cemitério, deixaram do lado de fora as duas sepulturas, por questões de preconceito religioso, pois ambos eram membros da Igreja Presbiteriana Independente.
Depois desse fato, Júlia doou um terreno para a construção de um cemitério onde qualquer pessoa, independente de credo, raça ou ideologia política pudesse ser sepultada. Este cemitério, denominado originalmente “Cemitério da Liberdade” é hoje o Cemitério Municipal “São João Batista de Iepê”. O primeiro sepultamento foi do patriarca da família Almeida Ramos, o Sr. José Maria, pai de Júlia.
Segundo Eunice Sant`Ana Málaque, neta de Júlia Almeida Ramos, esta era reconhecida por sua bondade, pois recolhia em sua casa todas as pessoas que necessitavam de ajuda, como caixeiros viajantes, trupes de teatro mambembe, doentes e necessitados. Sua casa era uma espécie de hospital, doentes da região vinham para serem medicados por seu irmão Chico Maria e hospedavam-se ali. Júlia também parecia ser dotada de grande poder intuitivo, como por exemplo, no episódio em que pressentiu o falecimento de sua mãe, que morava em Piraju.
Júlia de Almeida Ramos faleceu em Iepê por volta de 1929. Deixou uma história de dignidade, desprendimento e amor ao próximo, marcas de uma mulher forte, guerreira e determinada que destemidamente ajudou a desbravar o Sertão dos Patos e a construir a cidade de Iepê, originalmente denominada “Liberdade”, concebida para ser um lugar que sem preconceitos a todos abrigasse, como Júlia fez durante toda a sua existência.
  
Paulo Fernando Zaganin e Nê Sant’Anna, a partir do relato de Eunice Sant`Ana Málaque e dos Subsídios para a História de Iepê. Iepê, 14 de dezembro de 2011.

LOURDES BAN BATTILANI

A Senhora Lourdes Ban Battilani nasceu em Piratininga – SP e ainda muito criança mudou-se com seus pais e irmãos para Santa Cruz do Rio Pardo, onde iniciou os seu estudos, tendo concluído a Escola Normal, hoje chamada Magistério, em 1945.
Seus pais, Mathias Ban e Júlia Krüzich Ban, sempre incentivaram e apoiaram os filhos para os estudos e para a independência. Em 1947 veio para Iepê, onde lecionou por 30 anos, junto à Escola “João Antônio Rodrigues”.
Foi professora pioneira nesta cidade, muito querida e respeitada por seus alunos, por seu amor e dedicação como professora, recebendo durante toda a vida o reconhecimento de seus alunos, que frequentemente a visitavam ou lhe telefonavam.
Dos seus colegas e amigos professores recebia elogios e muitos também a agradeciam (principalmente os professores mais novos), dizendo que haviam aprendido muito com ela.
Nos últimos anos, já aposentada, a senhora Lourdes analisava a situação da escola pública com pesar, sentindo a decadência do ensino público, que deixou de ser prioridade, o descaso com os professores, os baixos salários e o reflexo de todo este contexto no empobrecimento cultural de todas as gerações vindouras, concluindo sempre suas falas dizendo que: “professor só era lembrado na época de eleições e depois novamente esquecido”.
Assídua leitora do jornal “O Estado de São Paulo”, hábito que adquiriu de seus pais, não ficava um dia sequer sem interar-se das notícias e comentá-las.
Freqüentava também o cinema da cidade, pois gostava muito dos filmes nacionais e europeus que passavam na época.
Em sua casa, cultivava com grande amor e dedicação um belo jardim, com diversas plantas, sendo suas preferidas as rosas, os antúrios e as samambaias de metro, plantas essas que frequentemente eram solicitadas para mudas, casamentos e outros eventos.
Exímia doceira, seus doces caseiros ficaram na memória de muita gente, tais como os doces cristalizados de frutas da época, os bolos variados, as brevidades, bombocados, tortas etc.
Dona Lourdes também tinha um carinho especial pelos animais, em particular, pelos cães, havendo inclusive uma história recordada por pessoas sobre a cachorra de nome “Lassie”, que ia esperá-la diariamente na saída da escola e trazia a sua bolsa pela boca.
Dona Lourdes foi casada com senhor Domingos Antônio Battilani, teve três filhos: Valter, José e Marta; duas noras: Salete e Lúcia,; seis netos: Carlos Eduardo, Cinthia, Douglas, Mariana, Érika e Valter.

LUIZ MERLIN

Luiz Merlin, nasceu aos 23 de agosto de 1906, na cidade de Conchas – SP. Era o quarto filho do casal de imigrantes italianos Umberto Merlin e Joana Martini, que vieram para o Brasil no final do século XIX, fixando residência do Município de Ribeirão Claro - PR. Seus outros irmão eram: Valentim, Filomena, João, Eliza, Amábile (Aparecida), Rosa, Lucila, Orlanda e Alzira (única ainda viva).
Luiz Merlin veio para Iepê em 1926, para não ter que servir o exército. Depois de seis meses de sua vinda, seus pais adquiriram propriedade rural em Iepê, mas continuaram residindo em Ribeirão Claro, ficando o sítio aos cuidados de Luiz, que o desbravou com o objetivo de plantar café.
A propriedade chegou a produzir aproximadamente 120 mil pés de café e, mais tarde, plantou-se também algodão, arroz, feijão e cereais em geral. Ali eram criados cerca de 100 caprinos, sendo alguns doados a pessoas do município para alimentação de crianças que pertenciam a famílias humildes.
Em 1951 Luiz comprou um jipe com o dinheiro da colheita de algodão, que era usado para o transporte da família e dos vizinhos em caso de doença. Este foi um dos primeiros jipes da cidade e foi vendido para o Sr. Caetano Zago em 1963, mesmo período em que adquiriu um outro de quatro portas do Sr. Silvestre Zaganin.
Ainda na década de 1920 Luiz e seus camaradas construíram uma olaria em sua propriedade e com os tijolos construíram sua casa em 1928. Os tijolos da Olaria de Luiz Merlin, que eram transportados em carroças, foram usados também para a construção da casa do Sr. Messias Cury (antiga delegacia), do hotel que foi mais tarde desapropriado e demolido, além de várias outras propriedades de pioneiros do município.
Com a ajuda dos vizinhos, Luiz construiu uma escola em sua propriedade, feita de madeira serrada a mão. Esta escola funcionou por mais de 30 anos e serviu para dar instrução aos filhos de Luiz e de tantos outros moradores daquela região.
Luiz casou-se no dia 18 de maio de 1931, aos 24 anos de idade, com Antonia Paganotti, em Iepê – SP. Este foi o primeiro casamento realizado na igreja São João Batista. Juntos o casal teve treze filhos, sendo que três deles faleceram antes de completar 1 ano: Primo Humberto Merlin, Helena Merlin, Angelina Merlin, Maria Merlin, as gêmeas Olga e Tereza Merlin, Eliza Merlin, Maria Aparecida Merlin, Rosa Merlin, João Merlin, Ana Merlin, Amélia Merlin, Natal Merlin e Rita de Cássia Pombal (adotada com 45 dias de vida).
Luiz Merlin faleceu em sua residência no Sítio Água da Figueira, em Iepê – SP, às seis horas do dia 01 de agosto de 1997, faltando 22 dias para completar 91 anos. Sua morte foi causada por insuficiência cardíaca, que o acompanhou durante os três últimos anos de sua vida.

Paulo Fernando Zaganin e Nê Sant’Anna, a partir do relato de familiares.  Iepê, 26 de abril de 2010.

Dr. MOACYR DE PÁDUA MELLO

Dr. Moacyr de Pádua Mello nasceu em 03 de janeiro de 1927, na cidade de Maracaí – SP. Filho de José de Pádua Mello e Maria Moreno.
Em dezembro de 1950 formou-se em medicina na Universidade do Paraná e, já em janeiro do ano seguinte, começou a clinicar em Iepê. Trabalhou em conjunto com o farmacêutico Jorge Bassil Dower, realizando vários partos e trazendo ao mundo várias gerações de iepeenses.
Além da medicina, Dr. Moacyr era grande simpatizante da aviação. Era piloto e comprou um avião de pequeno porte, com o qual buscava remédios e transportava pacientes em emergências para as cidades de Assis e Presidente Prudente.
Casou-se em 07/07/1957 com Teresinha Andrade de Mello, professora de francês, que foi a responsável pela organização da primeira Biblioteca Pública de Iepê. O casal passou a lua de mel na capital argentina, Buenos Aires.
Dessa união nasceram duas filhas: Dalva Mello Pascher e Francis Teresita Andrade Mello, e quatro netos: Rodrigo, Erick, Isaque Nathan e Rafael, que seguindo a incontestável vocação do avô, cursa o 5º ano de medicina na Unoeste.
Grande intelectual, Dr. Moacyr nunca deixou de se atualizar. Fez os cursos de Sanitarista e Medicina do Trabalho na Universidade de São Paulo. Em 1967 cursou Clínica Médica na Universidade de Lisboa, em Portugal.
Em Iepê, prestou relevantes serviços à saúde pública, principalmente coordenando o Centro de Saúde, ainda em seus primórdios. Depois de 24 anos de fecundo trabalho em nosso município, em 1975, Dr. Moacyr mudou-se para Presidente Prudente, viajando em seguida para Europa e Canadá, onde sua esposa Teresinha, contemplada por uma bolsa, foi realizar estudos na área de língua francesa.
Atualmente, Dr. Moacyr ainda exerce a profissão em Presidente Prudente, mas continua sendo uma figura lendária em nossa cidade, fazendo parte dos que aqui desbravaram novos horizontes.

Paulo Fernando Zaganin e Nê Sant’Anna, a partir do relato Esmerinda P. Silva. Iepê, 11 de novembro de 2011.

MOISÉS ALVES MACHADO

Moisés Alves Machado nasceu em Alterosa – MG no dia 04 de fevereiro de 1933. Era filho de João Batista Alves e Maria Rita Machado.
Casou-se em Iepê – SP com Fermina Cavichioli, com quem teve três filhas: Consuelo Alves, Amália Maria Alves e Solange Alves.
Ficou muito conhecido em Iepê pelos relevantes trabalhos que prestou como taxista. Além disso, era também lavrador e cedeu parte de sua propriedade para ser desapropriada pela CESP, para a construção da Vila Paraná, visando o crescimento de nosso município.
Moisés Alves Machado faleceu em Iepê – SP no dia 21 de outubro de 1973. 

Paulo Fernando Zaganin e Nê Sant’Anna, a partir do relato de familiares. Iepê, 26 de abril de 2010.

PROFª. NATÁLIA SANT`ANNA CAMBRAIA

A Professora Natália Sant’Anna Cambraia nasceu em Iepê aos 02/04/1926 e faleceu aos 21/08/1994 em Ilha Solteira –SP . Era filha de Elydio Arruda Sant`Anna e Maria Gonçalves Sant`Anna, pioneiros em nosso município.
Natália e suas irmãs Leonina e Ilda formaram-se professoras pela Escola Normal de Botucatu, incentivadas pelo pai Elydio, que era um homem a frente de seu tempo, pois queria que as filhas fossem pessoas independentes e tivessem uma profissão. Posteriormente, Natália graduou-se em Pedagogia e Artes. Lecionou durante 35 anos e foi Diretora de Escola em Iepê, Nantes, Estrela do Norte e Paraguaçu Paulista, onde aposentou-se. Mas, apaixonada pela profissão, continuou ministrando aulas na EE Antonio de Almeida Prado nas disciplinas do curso de magistério.
Era casada com Francisco Cruz Cambraia, com quem teve o filho Heraldo Nélio Cambraia, que a exemplo da mãe também seguiu a carreira acadêmica, formando-se em Engenharia Mecânica e, atualmente, é Professor Doutor Titular na Universidade Federal do Paraná.
A professora Natália possuía muitos atributos artísticos e intelectuais, apreciava como ninguém a leitura e incentivou ludicamente, enquanto professora de alfabetização, seus alunos a gostarem dos livros.
Hoje, esse espaço voltado para o conhecimento sela e dá continuidade aos sonhos da Profa. Natália e também dos pioneiros de nossa cidade, que idealizaram Iepê para ser um lugar no qual o conhecimento fosse acessível a todos.
Para a família da Profa. Natália, bem como para todos os ieepenses é um alento constatar que esse ideal continua fortalecido, sendo esse Núcleo de Educação prova incontestável disso, porque o que perdura no tempo são os sonhos, os exemplos e as ideias, alimentadas pela contínua aprendizagem.
  Esses ideais foram sintetizados pela Profa. Natália na frase: “A cultura, a educação, as artes e a leitura são os únicos passaportes para uma sociedade melhor”.

Paulo Fernando Zaganin e Nê Sant’Anna, a partir do relato de familiares.  Iepê, 20 de dezembro de 2011.

A HISTÓRIA DA VIDA DE UM HOMEM CHAMADO ODILON AMÂNCIO TAVEIRA

Odilon Amâncio Taveira nasceu no dia 26 de fevereiro de 1908, em um distrito alagoano chamado Paulo Jacinto e foi registrado na cidade de Quebrângulo. Era o primeiro filho.
Aos catorze anos, perdeu o pai e seis meses mais tarde a mãe, tornando-se assim, chefe da família e tendo a seu encargo, o cuidado com seus cinco irmãos.
Contava com dezessete anos, quando veio para o Estado de São Paulo, com seus irmão, sob os cuidados de seu tio.
Trabalhou nesta época, nas regiões de Marília, Presidente Epitácio. Em 1936, veio para Iepê e se apaixonou pelo local e construiu seu legado com o passar dos anos.
Morava e trabalhava na cidade de Marília, quando iniciou-se a Revolução Constitucionalista de 1932. Revolução de 1932 ou Guerra Paulista, que foi o movimento armado ocorrido no Estado de São Paulo, entre os meses de julho e outubro de 1932, que tinha por objetivo a derrubada do Governo Provisório de Getúlio Vargas e a promulgação de uma nova Constituição para o Brasil.
Foi uma resposta paulista à Revolução de 1930, a qual acabou com a autonomia de que os estados gozavam durante a vigência da Constituição de 1981. A Revolução de 1930 impediu a posse do governador de São Paulo Júlio Prestes na presidência da República e derrubou do poder o presidente da república Washington Luís, que fora governador de São Paulo de 1920 a 1924, colocando fim à República Velha.
Atualmente, o dia 9 de julho, que marca o início da Revolução de 1932, é a data cívica mais importante do Estado de São Paulo e feriado estadual. Os paulistas consideram a Revolução de 1932 como sendo o maior movimento cívico de sua história. Foi a primeira grande revolta contra o governo de Getúlio Vargas e o último grande conflito armado ocorrido no Brasil.
No total, foram 87 dias de combates, (de 9 de julho  a 4 de outubro de 1932, sendo o último, dois dias depois da rendição paulista), com um saldo oficial de 934 mortos, embora estimativas, não oficiais, reportem até 2.200 mortos, sendo que numerosas cidades do interior do Estado de São Paulo sofreram danos devido aos combates.
São Paulo, depois da Revolução de 32, voltou a ser governado por paulistas, e, depois anos depois, uma nova Constituição foi promulgada, a Constituição de 1934.
O combatente-médico da revolução de 1932, Ademar  Pereira de Barros que governaria São Paulo por três vezes, assim explicou, em Santos, em 1934, as razões da revolução de 1932:

“São Paulo levantou-se em armas em 9 de julho de 1932 para livrar o Brasil de um governo que se apossaria de sua direção por efeito de uma revolução... e se perpetuava indefinidamente no poder, esmagando os direitos de um povo livre e que trazia o sempre glorioso São Paulo debaixo das botas e o chicote do senhor!”.

Depois deste momento terrível para a população que vivia no Estado de São Paulo, vivendo as humilhações que os vitoriosos faziam contra os perdedores, Odilon veio morar em Iepê. Tornou-se comerciante e casou com Dione de Camargo Taveira, no ano de 1937.
No ano de 1938, Alberto do Amaral Camargo, então proprietário de uma sorveteria na cidade, resolveu montar uma pequena empresa elétrica para movimentar seus maquinários e luz para sua residência e estabelecimento comercial.
Como sobravam alguns quilowatts e a pedido de amigos, ampliou a “empresa”, até o ano de 1940, quando apareceu Vitório Agostinho Menegon que se tornou sócio da empresa. Foi então que a empresa se expandiu e passou a fornecer maior quantidade de luz para o povo.
Tempos depois, Vitório tornou-se proprietário único. Porém devidos aos seus inúmeros afazeres, pouco rendimento e o grande aborrecimento que o empreendimento lhe causara, vendeu a empresa. Seus novos proprietários foram Odilon Amâncio Taveira e Agenor Roberto Barbosa, o primeiro era comerciante e o segundo prefeito naquela época.
O vapor era uma calamidade e uma temeridade, mas Odilon Amâncio Taveira deu o máximo de seus esforços para que funcionasse o sistema de luz elétrica no município. Mas Odilon não se deixava vencer e teve uma ocasião que o próprio Odilon estava lá bancando o foguista auxiliado por Estélio Justino de Souza. O trabalho era árduo e segundo os foguistas da época era um “Deus nos acuda” quando o vapor subia de pressão.
No ano de 1939, nasce sua primeira filha, Áurea, depois em 1942, nasce Carlos, em 1943 nasce Alberto e em 1953, nasce sua última filha, Maria Rita. Criou e formou seus filhos, todos possuem curso universitário.
Para seus filhos, Odilon e sua mulher Dione, sempre deram demonstração de civismo, responsabilidade para com a Pátria e a terra onde nasceram. Valorizavam a escola e faziam suas cobranças para que todos eles pudessem se tornar bons profissionais e pessoas dignas.
A história nos conta que a instalação do município de Iepê, ocorreu no dia 1º de janeiro de 1945, com a nomeação do primeiro prefeito municipal de Iepê – Dr. Agenor Roberto Barbosa. O município era composto de dois Distritos de Paz: Iepê e Ajicê (ex-Alegria). Passado quatro anos, nesta mesma data, foi instalada a primeira Câmara municipal da cidade, tendo como primeiro presidente Odilon Amâncio Taveira, que foi vereador por 12 anos.
Odilon Amâncio Taveira faleceu aos 17/03/1994. Amava Iepê e não queria ser enterrado no Mausoléu que foi construído em homenagem aos soldados constitucionalistas, na capital do Estado. Quis ser enterrado em Iepê, principalmente porque foi reconhecido como cidadão iepeense e como cidadão de Iepê, ele não aceitou nunca a ideia de ter a sua morada final, fora do município que ele tanto amou e serviu.

Texto de Maria Rita Taveira Camargo.

OCTAVIO GARBOSA

Octavio Garbosa nasceu em Santa Cruz da Estrela – SP no dia 13/12/1901. Era filho dos imigrantes italianos Antonio Garbosa e Maria Sasso Garbosa, que chegaram ao Brasil no final do século XIX, junto com milhares de outros imigrantes, com o objetivo  de trabalhar na lavoura.
No final da década de 1920, Octavio mudou-se para o recém formado distrito de Iepê – SP, sendo considerado um dos pioneiros. Naquela época essa região era chama de “Sertão”, tudo era mais difícil, como os meios de transportes por exemplo. Para chegar a Iepê, Octavio viajou centenas de quilômetros a cavalo, saindo das regiões de Ribeirão Preto – SP.
Foi o primeiro açougueiro de Iepê e também proprietário, com mais duas irmãs, de um pequeno armazém.
Católico praticante e homem de muita fé, Octavio foi buscar a cavalo o primeiro pároco de Iepê, Padre Francisco S. Xavier, que residia no município de Conceição do Monte Alegre – SP, hoje distrito de Paraguaçu Paulista – SP.
Naquele tempo Iepê era distrito de Conceição do Monte Alegre e era lá que Octavio ia buscar os alvarás para abater o gado e abastecer seu açougue. Tornou-se também sitiante, dedicando-se à criação de gado leiteiro e fornecedor do Laticínio Marcial, mais tarde Laticínio Iepê, cujos produtos de primeira qualidade eram enviados à São Paulo.
Aos 26/07/1939 Octavio casou-se em Iepê com Odila de Camargo Garbosa, com quem teve quatro filhos: Maria Antonieta Garbosa Hain, Paulo Garbosa, Regina Coeli Garbosa Doninho, Maria Helena Fuccili de Lira.
Octavio conquistou grandes e ótimas amizades, devido ao seu caráter exemplar e facilidade de comunicação. Faleceu em Iepê – SP no dia 11/07/1982, deixando aos filhos, esposa e netos, enfim, a toda sua família e seus amigos, um grande exemplo de dedicação, bondade, caridade, principalmente aos mais carentes, religiosidade, honestidade, trabalho e hospitalidade, qualidades que seus filhos lembram com orgulho.
Desde sua chegada a Iepê, foi morador da Rua São Paulo n. 232 e, apenas nos últimos anos de sua vida, residiu na Avenida Paraná n. 848.
Um dos lemas preferidos de Octavio Garbosa era: “Diga-me com quem andas e lhe direi quem tu és.”
Paulo Fernando Zaganin e Nê Sant’Anna, a partir do relato de Maria Antonieta Garbosa Hain. Iepê, agosto de 2011.

PEDRO ALVES DE LIMA

Nascido em 13/05/1889 em São Joaquim da Serra Negra – MG
Falecido em 09/06/1975 em Iepê devido a um câncer de esôfago

Filho de JOSÉ ALVES DE LIMA E LUDOVINA MIGUELA DA CONÇEIÇÃO

Casado com Rita Praxedes de Jesus em 03 de outubro de 1912 

Filhos: JOÃO DA SILVA, JOSÉ ALVES DE LIMA, APARECIDA DE CAMPOS, PEDRO ALVES DE LIMA FILHO, HONORATO ALVES DE LIMA,  DOMINGOS ALVES SOBRINHO,  FRANCISCO ALVES SOBRINHO,  JÚLIA ALVES DE LIMA, LUDOVINA ALVES DE LIMA,  EUGÊNIA FAUSTA ALVES DE LIMA, JUVERSINDO ALVES DE LIMA, ANTONIO ALVES DE LIMA, HIOLANDA ALVES DE LIMA E MARTIMIANO JOSE DE LIMA

Mineiro de São Joaquim da Serra Negra, Pedro Alves de Lima, viveu lá com seus pais e irmãos até os 12 anos. No ano de 1901, mudou-se junto com sua seus pais José e Ludovina e irmãos para o Bairro da Água da Lagoa no município de Conceição de Monte Alegre. Em Conceição, conheceu a ainda moça Dona Rita Praxedes de Jesus com quem se casou no ano de 1912 aos 23 anos e com quem teve 14 filhos. Após o casamento, estabeleceu-se em uma propriedade rural na Água do Cancã (Município de Conceição de Monte Alegre) até o ano de 1939. Neste local o Sr. Pedro e Dona Rita tiveram 13 dos seus 14 filhos.
No ano de 1939, durante a Revolução Constitucionalista, Pedro vendeu sua propriedade da Água do Cancã para tomar novos rumos. De lá partiu em lombo de cavalo e mulas e com carro de bois e veio com toda sua família para a Água da Lebre. Ali comprou a fazenda Bairro do Capivara. Tratava-se de uma propriedade de aproximadamente 350 alqueires que precisava se desmatada e formada. Com muito custo, trabalho e dedicação dos filhos o Sr. Pedro conseguiu quitar todas as dívidas da compra da fazenda e formar uma das mais belas fazendas do Município de Iepê. Sua propriedade foi destinada a criação de bois, porcos e outros animais para sustento de sua Família. Pedro foi uma pessoa que embora não tivesse nenhum estudo, negociava como poucos e aumentou seu patrimônio significativamente num período muito curto, mas sempre com muita humildade e honestidade. No ano de 1940 Pedro e Rita tiveram seu último filho na Água da Lebre, este sim Iepeense (Martimiano José Alves de Lima). Pedro ainda teve que assumir a paternidade de mais quatro netos devido a morte de sua filha Aparecida de Campos.  
Viveu na Água da Lebre até o ano de 1948, ano este, que mudou-se para Iepê por motivo de doença. Estava muito difícil continuar no trabalho braçal da Fazenda e Pedro passou para os filhos o dever de continuar este trabalho.  Estabeleceu-se no começo da Rua São Paulo, numa propriedade adquirida do Sr. Antonio Fortunato Pereira. Aqui construiu sua residência e fixou-se até os seus últimos dias. O Sr. Pedro foi pai de  filhos ilustres de nossa cidade como o nonagenário José Alves de Lima (Vô Zeca), os Gêmeos Domingos Alves Sobrinho e Francisco Alves Sobrinho e do Senhores Juversindo e Antonio Alves de Lima,  pessoas estas que muito fizeram pela cidade de Iepê. Pedro Alves de Lima também foi conhecido como um Homem que praticava a caridade sendo sempre lembrado por ser um cidadão que dava de comer aos pobres que sempre frequentaram sua residência sendo um exemplo a ser seguido.


Iepê, 26 de novembro de 2012.
Biografia escrita por Marcelo Alves de Lima, neto de Pedro Alves de Lima.

ROBERTO EKMAN SIMÕES

Roberto Ekman Simões nasceu em 1932, em São Paulo - SP. Com menos de 18 anos veio para a Fazenda Capisa trabalhar com seu tio Pedro Silveira Simões, onde destacou-se pelo seu prazer em trabalhar com mecânica. Mais tarde foi promovido a gerente e depois a sócio.
Casou-se em 1955 com Eurídice Santilli Simões, com quem teve quatro filhos: Olga Maria, Olavo, Ricardo, e Marcos.
Homem sensível à ciência, inventou máquinas para plantar grama, colher capim, um Kart de madeira e um carro anfíbio (Jacaré), além de trabalhar com texidermia.
De espírito criativo e inovador, no período de 1975 à 1985, fez em sua fazenda pesquisas na área agrícola, atraindo cientistas do Instituto Agronômico de Campinas e empresários paraguaios.
Homem preocupado com a preservação ecológica evitou o uso de agrotóxicos e conservou áreas de mata nativa.
Foi um dos fundadores da sociedade São Vicente de Paulo e do Lions de iepê.
Para os filhos e netos, falar de Roberto é falar de um amigo, de um companheiro para brincadeiras, pescarias, acampamentos...
É lembrar de dignidade e coerência com a vida.
Ele era um apaixonado pela vida.

ROMEU BELON FERNANDES

Romeu Belon Fernandes foi um ser humano e um cidadão que pautou sua vida em valores éticos e princípios cristãos.
Nasceu em 29/06/1926 em Serra Negra – SP e, aos 4 anos, com os pais José Belon Fernandes e Adelaide Zochio, muda-se para Rancharia – SP. A família que dedicara-se ao comércio de café no Oeste Paulista teria agora como negócios a agricultura, uma serraria e atividades comerciais.
Aos 17 anos, o jovem Romeu Belon Fernandes ingressa no seminário Vicente Palotti, em Londrina – PR. Ficou nessa instituição por 9 anos e, durante esse tempo, exerceu várias atividades como apicultura, serviços gerais, música (órgão e coral) e devido ao seu espírito de liderança, também ocupou o cargo de prefeito do seminário. Certamente, todas essas atividades trouxeram vasta experiência, mas o maior aprendizado desse período foi a principal diretriz da ética cristã: o amor ao próximo.
Aos 26 anos, sai do seminário formado em Teologia e Filosofia e começa sua carreira de professor, lecionando as disciplinas de português e latim nas cidades de Rancharia, Santo Anastácio e Londrina, entre outras.
Na década de 1950, iniciou o curso de Direito em Curitiba – PR, concluindo-o na Universidade Toledo de Bauru – SP. Em 1958 chega a Iepê para lecionar e, por volta de 1961, começa também a advogar. Além disso, tem um serviço de alto-falantes em um prédio na rua Minas Gerais, próximo ao lendário Bar do Armando. Instalou-se primeiro no Hotel da família Salem, depois transferiu-se para um quarto alugado, nos fundos da antiga Prefeitura Municipal na rua São Paulo,  as refeições eram feitas no Bar do Armando.
Dr. Romeu, como era conhecido, valorizava a educação e a cultura, nunca parou de estudar, na década de 1970, complementou as matérias do seminário e graduou-se em Letras na Faculdade de Ciências e Letras de Adamantina e também em Pedagogia na APEC, hoje UNOESTE, em Presidente Prudente. Até o final de sua vida, frequentou cursos, seminários e palestras nas áreas de educação e direito.
Em 1962, conhece a futura esposa em Iepê, durante o casamento de Áurea Libório com Dito Moraes. Dona Darcy Santina Vizzotto Belon, foi apresentada ao futuro marido pelo ex-prefeito de Iepê Sr. Edmundo de Oliveira. D. Darcy, oriunda de Botucatu, chegara a Iepê nesse ano para lecionar.
Dr. Romeu foi eleito vereador de Iepê pela primeira vez em 1964 e participou ativamente da história recente do nosso país. Sofreu na pele a perseguição política deflagrada com o golpe militar de 1964, tendo que fugir de Iepê e refugiar-se em Osvaldo Cruz para não ser preso. Mas, esse episódio não arrefeceu seus ideais de lutar por uma sociedade mais justa. Foi vereador por 3 mandatos (1964-1968, 1973-1976, 1977-1982), presidente da Câmara Legislativa durante o segundo mandato, Vice-Prefeito de Felipe Aleandro Batillani (01/02/1969 à 31/01/1973) e Prefeito de Iepê (01/02/1983 à 31/12/1988), tendo como seu Vice Manoel Batista de Pádua. Concomitantemente à carreira política, sempre exerceu a profissão de educador no magistério do Estado de São Paulo como professor e diretor de escola.
Além da extensa atividade profissional, Dr. Romeu foi um marido amoroso, um pai e avô dedicado e zeloso com a família. Casou-se com D. Darcy no civil em Rancharia – SP no dia 29/06/1965 e no religioso na cidade de Aparecida do Norte – SP em 11/07/1965. Tiveram cinco filhos: Ana Estela, Luciana, Cristiana, Juliana e Romeu, e seis netos: Bruna, Breno, Carolina, Vinícius, Mateus e Luisa.
Dr. Romeu elegeu-se prefeito de Iepê em 1982 e governou por seis anos, de 01/02/1983 à 31/12/1988. Durante seu governo apoiou a educação e a cultura, criando creches, a Fanfarra e a  Guarda-mirim (que possibilitou a atual Casa da Criança e do Adolescente de Iepê),  e o projeto escolas descentralizadas que atendiam crianças em idade pré escolar e adultos (MOBRAL) em prédios cedidos pelas igrejas e outros espaços nas Vilas Dower, São Jorge e o então Distrito de Nantes. Apoiou a Biblioteca Municipal, transferindo-a para um prédio maior e contratando uma bibliotecária com curso superior. 
Construiu prédios para as creches de Iepê e Nantes e a Rodoviária de Iepê; reformou escolas e a quadra municipal entre outras obras de infra-estrutura. Também adquiriu ônibus e maquinários para a frota municipal.
O Fundo Social de Solidariedade foi implantado no Estado de São Paulo pela primeira dama D. Lucy Montoro em 16/05/1983. D. Darcy foi a primeira presidente do FUSSMI de Iepê, que passou a desenvolver várias atividades: clube de mães; cursos de crochê, tricô, salgados, corte e costura e artesanato; reforço escolar para as crianças da Guarda-mirim etc., aproveitando o espaço das escolas descentralizadas;  campanha do agasalho, festas em ocasiões especiais, como o aniversário da cidade, entre outras.
As grandes marcas do governo e da vida de Dr. Romeu foram o amor ao próximo e a preocupação para que os munícipes crescessem através do conhecimento.  Norteado por essas metas, inicia-se nesse período o programa de viagens Redescobrindo o Interior para alunos do ensino fundamental. O esporte é apoiado através de campeonatos esportivos comandados pelo senhor Jorge Cury. No campo da Assistência Social, a Prefeitura cede funcionários ao Asilo e promove um projeto para conseguir e disponibilizar à população necessitada cadeira de rodas e óculos.
No campo político, Dr. Romeu participou do processo de Emancipação política de Nantes e sempre lutou para que Iepê tivesse um Fórum. 
A religião exerceu papel fundamental na vida de Dr. Romeu. Embora católico praticante, nunca perseguiu ou deixou de atender pedidos de outras religiões, tinha o ecumenismo como princípio ético, e dizia que seu objetivo maior era praticar o cristianismo. Pertencia a Congregação Mariana, ao Cursílio de Cristandade, era membro auxiliar da Legião de Maria e missionário de Santa Terezinha. Foi um cristão ativo, auxiliando como leigo, aos mais carentes e as instituições religiosas, lendo a Bíblia diariamente, rezando o terço e a catena.
Dr. Romeu sempre trabalhou para o bem estar da comunidade, não guardou mágoas das injustiças e perseguições políticas que sofreu. Até seu último dia de vida dedicou-se aos seus princípios ético-cristãos. Faleceu no dia 30/09/2005, aos 79 anos, em decorrência de um acidente de carro entre Iepê e Rancharia, onde teria uma audiência, pois nunca deixou de trabalhar como advogado.
Segundo relato de sua esposa, Dr. Romeu sempre dizia ao filho caçula, que trabalhava muito porque queria deixar para ele e as futuras gerações uma cidade melhor para viver.
Dr. Romeu Belon Fernandes foi um batalhador incansável, um militante ardoroso em prol do conhecimento, do direito e dos valores éticos e espirituais. Também foi um vitorioso, pois deixou seu legado em forma de exemplos, princípios e ideias que, como as estrelas, continuam emanando sua luz, mesmo quando adormecidas.   

Paulo Fernando Zaganin e Nê Sant’Anna, a partir do relato de D. Darcy Santina Vizzotto Belon. Iepê, setembro de 2011.

SILVINA DE ALMEIDA PRADO

D. Silvina de Almeida Prado, nascida em Piraju, era filha de João Salviano e Maria José de Almeida Ramos. Era sobrinha e nora de Júlia de Almeida Ramos, reconhecida como uma pessoa solidária e hospitaleira, tanto que doou o terreno do atual Cemitério de Iepê, por volta de 1920.
D. Silvina de Almeida Prado chegou a Iepê, no final da década de 1910, já casada com um dos futuros fundadores de nossa cidade, o Sr. Antonio de Almeida Prado, seu primo em primeiro grau. O casal teve quatro filhas: Aurora Dalva, Jaci, Miriam e Maria Júlia.
D. Silvina foi casada durante 36 anos, era uma mulher que tinha o dom da hospitalidade, recebia com alegria em sua casa autoridades, pastores e outros visitantes. Foi proprietária de uma pensão em Iepê, em frente ao atual Banco do Brasil, e de outra na cidade de Assis.
O casal Almeida Prado não se prendia a bens materiais, tanto que além de doar as terras para a fundação de Iepê, doaram vários outros terrenos. À Igreja Presbiteriana Independente doaram uma extensa área, fazendo o mesmo à Igreja Católica. O último lote de terras que tiveram em Iepê, doaram para a construção da atual Escola Estadual “Antonio de Almeida Prado”.
A Praça D. Silvina de Almeida Prado, resulta de uma doação feita pelo casal à Igreja Presbiteriana Independente de Iepê, que por sua vez doou este terreno para a Prefeitura Municipal de Iepê.
Nada mais justo que a praça central de nossa cidade receba o nome de tão magnânima mulher, que sonhou junto com seu marido e contemporâneos, a construção de uma cidade onde deveria habitar o espírito da hospitalidade e não o apego aos bens materiais, que não permanecem, mas o que permanece são ideais e sonhos, como os semeados pelo casal Antonio e Silvina de Almeida Prado.
Que esta praça, hoje reinaugurada no coração de Iepê, nos recorde e não deixe morrer, a cada vez que nela pisarmos os sonhos aqui plantados e frutificados por nossos pioneiros.

Paulo Fernando Zaganin e Nê Sant’Anna, a partir do relato de Eunice Sant’Ana Málaque e dos Subsídios para a História de Iepê. Iepê, 14 de dezembro de 2011.

BIOGRAFIA DO “VEREADOR TEREZIANO GIMENES”

Tereziano Gimenes nasceu na cidade de agisse em 17 de janeiro de 1945, era filho de Domingos Gimenes Rubira e Gertrudes Gimenes de Lima. Em 19 de janeiro de 1974, casou-se com Maria de Fátima Ambrósio. Dessa união nasceram Ângela Cristina Gimenes, Tereziano Gimenes Júnior e Sílvia Regina Gimenes.
Além de pai exemplar, Tereziano Gimenes foi um avô dedicado. Um de seus netos, Fábio André, o Juninho, era seu companheiro para todas as horas.
Tereziano Gimenes, também era apaixonado pela vida pública, pelos esportes e pela natureza. Era funcionário público estadual da Casa da Lavoura e foi vereador por 14 anos: de 1983 à 1988, de 1989 à 1992 e de 1993 à 1996. Participou ativamente da elaboração da Lei Orgânica do município de Iepê, pois interessava-se por legislação.
Durante sua profícua existência, plantou muitas árvores, formou um viveiro de mudas e ajudou na idealização do Conjunto Nova Liberdade, no qual formou um bosque, em 2001, com 470 árvores. Também foi um dos proprietários de uma máquina de beneficiamento de arroz, localizada onde atualmente está o Templo da Igreja Quadrangular.
Não bastassem todas essas atividades, Tereziano Gimenes ainda encontrava tempo para o esporte, era corinthiano e por diversas vezes foi técnico de times de futebol do município.
O vereador Tereziano Gimenes faleceu em 10 de junho de 2007 em Iepê. Deixou-nos uma história de vida inspiradora e muitas árvores que eternizarão seus ideais de um mundo com mais justiça, harmonia e qualidade de vida.


Paulo Fernando Zaganin e Nê Sant’Anna, a partir do relato de amigos e familiares. Iepê, 10 de junho de 2010.

THEREZA JERONYMO MAJID

Thereza Jeronymo Majid nasceu em Iepê – SP no dia 18 de agosto de 1936. Era filha de João Jeronymo e Regina Zaganini.
Casou-se no dia 28 de março de 1959, em Iepê – SP, com Abdel Majid Hamd Ali Abdel Majid, conhecido popularmente como “Turcão”. Desde esta época passou a trabalhar como comerciante com o esposo, na Casa Jordânia localizada na Rua São Paulo em Iepê. Juntos tiveram dois filhos: José Naef Majid Hamd (Neif) e Luiz Fernando Majid Hamd.
Thereza Jeronymo Majid, que passou a ser conhecida como “Thereza do Turco” era católica fervorosa e participava de vários movimentos da igreja, como do Apostolado da Oração e da Legião de Maria desde 1962 e da Pastoral dos Enfermos, através da qual visitava doentes e lhes levava a Santa Comunhão, pois era também Ministra da Eucaristia. Além disso, Thereza participava da Pastoral Vocacional, onde foi intitulada pelo Padre Conrado de “Mãe das Vocações”. Contribuiu para a formação de várias vocações de Iepê, como os padres Vicente, Olívio e Neto Damásio.
Thereza do Turco faleceu em Iepê no dia 13 de dezembro de 2007.



3 comentários:

  1. Cara amigo você citou varias pessoas que fizeram a história de Iepê mas creio que se esqueceu de meu avô Odilon Amâncio Taveira que fez muito por esta cidade pesquise que você saberá o que ele fez tanto pode perguntar para minha e meu tio Alberto Camargo Taveira que eles irão ajudar ou até mesmo na camara municipal obrigado!!!!!!!!!!!!!!

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    1. Prezado Odilon, por um problema técnico ainda não havíamos conseguido publicar a biografia de seu avô Odilon Amâncio Taveira, redigida há alguns anos pela Maria Rita para o Ponto de Cultura. Informamos que agora a biografia já está disponível em nosso Blog, bem como a de Edmundo de Oliveira. As duas estavam em formato incompatível com o Blog. Agradecemos suas atentas visitas ao nosso Blog. Este é o nosso objetivo: um diálogo permanente com a História de Iepê e seus personagens.

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  2. Acredito q a informação da construção da Igreja presbiteriana Independente esta errada, vi em outra pagina de Iepe e conheço alguns descendentes do construtor desta igreja.

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